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05 Nov
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu o conteúdo divulgado por um canal argentino de direita e disseminado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, que levanta suspeita de fraude na eleição presidencial deste ano.

Em uma live realizada na sexta-feira (4/11), o influenciador argentino Fernando Cerimedo, dono do canal La Derecha Diário, divulgou um dossiê apócrifo com uma série de informações falsas sobre as urnas eletrônicas para levantar suspeitas sobre a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (30/10).

No vídeo, Cerimedo afirma ter recebido um relatório do Brasil, indicando que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para Lula do que para Bolsonaro. Segundo ele, esses modelos mais antigos não foram submetidos aos testes de segurança dos modelos de urnas de 2020.

Ele afirmou, sem apresentar provas, que nas urnas anteriores a 2020, Lula venceu Bolsonaro com oito pontos percentuais de vantagem, enquanto que nas urnas que teriam sido auditadas por peritos de universidades federais e das Forças Armadas, o atual presidente venceu com 1,3 ponto de vantagem sobre o petista. 

O TSE, por meia de nota, desmentiu todo o conteúdo apresentado pelo argentino na live.

“Não é verdade que os modelos anteriores das urnas eletrônicas não passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização. Os equipamentos antigos já estão em uso desde 2010 (para as urnas modelo 2009 e 2010) e todos foram utilizadas nas Eleições 2018. Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)”, afirma o tribunal.

Ainda de acordo com o TSE, as urnas eletrônicas modelo 2020 que ainda não estavam prontas no período de realização dos testes de 2021 foram testadas por três universidades e o software em uso nos equipamentos antigos é o mesmo empregado nos equipamentos mais novos. “Nas três avaliações, não foi encontrada nenhuma fragilidade ou mesmo indício de vulnerabilidade”.

“Por fim, ressalta-se que todasas urnas são auditadas e elas são um hardware, ou seja, um aparelho. O que importa é o que roda dentro dela, ou seja, o programa, que ficou aberto por um ano para todas as entidades fiscalizadoras. O software da urna é único em todos os modelos, tendo sido divulgado, lacrado e assinado”, afirma o TSE.

Apoiador de Bolsonaro

Responsável pela divulgação do conteúdo falso, Fernando Cerimedo é apoiador da família do presidente Jair Bolsonaro. No dia 13 de outubro, cerca de duas semanas antes do segundo turno, ele recebeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do presidente, em Buenos Aires.

O conteúdo divulgado por Cerimedo foi rapidamente disseminado por bolsonaristas nas redes sociais, sob a hashtag “Brazil Was Stolen”. O deputado federal mais votado do país, Nikolas Ferreira (PL-MG), pediu para que o TSE investigasse as suspeitas levantadas pelo canal argentino de extrema-direita.

“Como cidadão, estou pedindo para o Tribunal competente averiguar as informações divulgadas hoje sobre as possíveis fraudes nas eleições brasileiras. Surgiram dúvidas válidas e de interesse coletivo”, postou o deputado eleito por Minas Gerais.

O pastor Silas Malafaia, apoiador de Bolsonaro, divulgou um vídeo em suas redes sociais cobrando o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, sobre o conteúdo da live. “O que esses auditores argentinos falaram é verdade ou mentira? O senhor precisa vir com provas robustas caso isso seja mentira. Isso é algo terrível e grave para a democracia brasileira. Se isso for verdade essas eleições são invalidadas”, afirmou Malafaia.

Fabio Leite Metropoles